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sexta-feira, 5 de março de 2010

Aquele Inverno


Aquele Inverno

Foi naquele inverno, tão frio, tão seco, tão simples, dentro de um nevoeiro. Mais um dia se passava e eu com a certeza de que naquele inverno, eu ia sentar em meu sofá, me enrolar em meu cobertor, me deliciar com aquele chocolate quente.

Naquele inverno, pensei que seria tudo normal, eu indo e voltando do colégio, curtindo com meus amigos, nada mais me importava, era a minha maior alegria, mas aquele inverno me mostrou as maravilhas da vida.

Tudo começou naquela noite de primavera, as flores sempre lindas, o céu sempre azul, daria um ótimo álbum de fotografias.

Eu e minha câmera, fotografando o campo, apreciando a paisagem, caminhando, com a maio ingenuidade, foi quando, ao bater uma foto, encontrei você parada, olhando aqueles lírios, a maior beleza, jamais encontrada.

Foi quando percebi, era aquela a minha prometida, era ela minha amada, que até ontem era uma amiga de sala, hoje tenho um álbum somente com fotos suas guardadas. Aquele foi o final da minha primavera.

Assim foi passando o tempo, no verão nunca mais a vi, dias quentes, viagens longas, desencontros acontecendo, sempre me divertindo, mas com aquele vazio no peito.

Chega o outono, voltamos aos estudos, feliz estava eu, jurando que ia rever ti de novo, mas como eu não imaginei, seus pais escolheram partir pra longe, te afastando de mim, me separando da minha flor diamante.

Eu, que era tão tímido, embora engraçado, comecei a te admirar de longe, esperando um dia que você me olhasse, mas faltava tão pouco tempo pra você se ir, tinha que ter a iniciativa de me aproximar.

Aquele estava sendo o pior outono.

E finalmente, chegou aquele inverno, foi como se o inverno fosse abençoado, porque? Não sei, mas cheguei a conclusão de que ele foi feito para se sentir, não para se olhar. Apreciar e aproveitar aquele vento gelado batendo em sua face.

Lembro-me, aquela densa neblina, procurava então algo que me pudesse fazer te esquecer, parar de pensar um pouco em você.

Quando a vejo caída no chão, joelho ferido, não conseguia se erguer, não sabia quem era, mal conseguia envergar, mas mesmo assim, prestei ajuda, queria te ajudar. Logo depois, a neblina foi embora, e eu pude finalmente te ver, a minha doce amada, foi assim que começou a nossa curta história.

Aquele inverno, os dias maravilhosos que passamos juntos, riamos juntos, chorávamos juntos, aquele meu chocolate quente que você dizia amar, era mais perfeito ainda a cara que você fazia quando me dizia que estava muito quente.

E o inverno foi passando, e eu me esquecendo que o dia de sua partida se aproximava, mas eu estava feliz, mal podia me conter de alegria, estava ao seu lado, estávamos numa perfeita harmonia.

Quando acabou o inverno, você tinha de ir, implorando ao seu pai que não fosse, mas acabei descobrindo o que me mataria, eu soube que você ia por causa de uma grave doença, e era indo embora que poderia trata – lá. Era o melhor pra você, desde então não soube mais de seu sofrer.

Hoje eu lembro, daquele inverno, de como seria se tivéssemos ficado juntos, se você nunca tivesse partido. Aquele inverno, foi magnífico.

Mal posso esperar, pro nosso inverno chegar, porque foi no nosso inverno que você se foi, e é no nosso inverno que eu também irei.

Foi depois de um ano, no nosso inverno que soube que você partiu pro éden, e no nosso inverno, que eu quero compartilhar dos campos florais do éden.

Como quando aquela vez que te fotografei no campo em frente aquele lírio, mas sempre juntos como passamos naquele inverno, nosso inverno.

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